Estante da Palavra

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Segredo da Noite

A noite
Dorme no meu peito
Com tanto silêncio
Dorme espontaneamente
Não vou pensar
Em nada que evapore
O sossego da noite
Que é crime pensar
Porque dorme
Espontânea
Vou zelar
Vou guardar
O segredo da noite

Gente Urgente

Sem ver
A verdade que nos mata
Corpo sem leito
Guerra que ataca
Criança morta
Criança viva
Acena lenço branco
Triste despedida
Sem ter
Salvação
De quem quer
O mundo a morrer
O mundo a esquecer
Sem dor
Sem mente
Rito de gente urgente

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cidade

Palavra
Que condensa muita gente
Com a alma larva
Um murmúrio quente
Atitude parva
Morte inconsciente
Amor de ladra
Triste e contente
Sonho que acaba
Nos rostos sem idade
Bruxa e Fada
És tu
Cidade

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eco Perdido

Volta ao espaço
Fantasia irreal
Sentir indiferente
Saber de um nada
Ritmo do gesto
Rota traçada
Som do concreto
Lamento de falta
Signo aberto
Sagrado invisível
Fluir mecânico
Natureza livre
Origem sem nome
Futuro disperso
Questão constante
Rito ilusão
Boneco criado
Pelo sopro
De um instante
Criado
De um sonho
Sonhado
Criado

Mensagem

Não contém uma forma
De sua uma só
Corredores de caminhantes
Onde a vida procura norma
No tempo navegantes
Que buscam orientação
Apaixonados pela terra
Pedem a sua mão
Calem a memória
Tom constante e opaco
Da derrota à vitória
De vários o mesmo acto
Vibrações escondidas
Rangem loucuras
Estalam objectos
Que trespassam fronteiras
De abstracto concreto

domingo, 10 de outubro de 2010

Existir

Um local, existir
Lugar de alma incerto
Um procurar, um descobrir
Molde de mente aberto
Ruptura de um campo uno
Revolução segundo a segundo
Esperando o momento oportuno
Luz, trevas sonho profundo
Signos de palavras perdidas
Orbitam ainda na tua mente
Sendo uma de mil vidas
A única que se sente

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sonho II

Sangue e dor
Na chuva que lava a terra
Condenei o criador
Silenciei a guerra
Não sei do que é que fujo
Não quero olhar para trás
Não quero ficar sujo
Não quero coisas más
Quero ver de novo o mundo
Soltar a lembrança
Ir de novo ao fundo
Voltar a ser criança
Quero ver de novo a luz
Ver o sonho renascer
Fugir da minha cruz
E de novo morrer